Taxação em 20% dos dividendos — atualmente isentos de impostos — é a medida mais polêmica da proposta. ‘Tem lobby, tem pressão, tem de tudo’, afirmou ministro da Economia.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamou nesta sexta-feira (9) de pressões contra a proposta de taxação dos dividendos (parcela do lucro distribuída aos acionistas). A medida é a mais polêmica do projeto de reforma tributária do imposto de renda de pessoas físicas, empresas e investimentos, apresentada pelo governo em junho.
Atualmente, os dividendos são isentos de impostos. O governo propôs uma taxação em 20%.
“Nós temos tecnologia para fazer tudo direito. Mas você sabe que é muito mais difícil no mundo real. Tem lobby, tem pressão, tem de tudo: lobisomem, mula sem cabeça, criatura do pântano, pirata privado”, afirmou Guedes durante evento promovido pela Fundação Getúlio Vargas em homenagem ao professor Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central, que morreu no mês passado de Covid-19.
Guedes fez uma comparação entre o imposto sobre dividendos no Brasil e em outros países.
“A renda dos mais ricos — não interessa se vem de salários, alugueis, bônus bilionários ou dividendos —, ela devia cair no progressivo [tabela do IR em que a alíquota vai crescendo conforme a faixa de renda] e ponto final”, declarou o ministro. “É muito difícil você explicar o imposto sobre dividendos estar entre 20 e 40% no mundo inteiro, e no Brasil é zero.”
Ele disse, ainda, que a reforma tributária vai sair “bem feita” ou “não vai sair”. O texto já está em tramitação na Câmara. O relator é o deputado Celso Sabino (PSDB-BA).
“Ou vai sair bem feito ou não vai sair [reforma tributária]. Não vai ter negócio de aumentar imposto”, disse Guedes.